Drummond e o "Diário Reinventado"

Drummond e o "Diário Reinventado"
Essa foto registra homenagem deliciosa e delicada do prof. Luis Carlos Maciel ao meu pai, Eduardo Cisalpino. O livro que o prof. segura nas mãos e que parece "comentar" com o poeta, é o "Diário Reinventado, de Eduardo Cisalpino.. Obrigado à Magda pela foto.

Jack Kerouac

Eu só confio nas pessoas loucas, aquelas que são loucas pra viver, loucas para falar, loucas para serem salvas, desejosas de tudo ao mesmo tempo, que nunca bocejam ou dizem uma coisa corriqueira, mas queimam, queimam, queimam, como fabulosas velas amarelas romanas explodindo como aranhas através das estrelas

quarta-feira, 20 de julho de 2016

O MAIS NOVO MIMIMI MIDIÁTICO: ESCOLA SEM PARTIDO







Estamos novamente no olho da muvuquinha: as proterozoicas "esquerda" e "direita" brasileiras estão por aí nos brindando com suas tolices nas ditas "redes sociais". 
É um espetáculo: grupelhos como o "Levante Popular da Juventude", fósseis que andam por aí divulgando videozinhos apoiando a feroz ditadura Maduro na Venezuela, ( sim, Venezuela, aquele exemplo de país), se julgam bons o bastante para dizer o que é bom ou ruim para a educação brasileira, essa coisa brilhante que ocupa posições honrosamente à frente de Botsuana e da Costa do Marfim. Ao mesmo tempo, dinossauros - nada mais apropriado para essa discussão que a imagem de um dinossauro, nos apresentam ridículas reflexões, comparando escolas com bancadas no Congresso Nacional, como se fossem coisas absolutamente semelhantes. Bom, talvez no Brasil.
Do outro lado, brotam fotos de livros "didáticos" do MEC, óbvios, infantis, antiquados e mal redigidos livros didáticos, como a própria prática que os cerca. E declarações comoventes de total isenção, como se em algum momento fôssemos acreditar que existe qualquer possibilidade de uma prática pedagógica "isenta", sem "partido" - claro, em nome da pátria (seja lá o que se esconde sob esse conceito nebuloso e volátil).
Ambos disputam a primazia de continuar ou de recomeçar a manipular e utilizar a sala de aula para seus delírios de "um mundo melhor", dando vazão a seus egos gigantes, capazes de afirmar, tranquilamente, o que é melhor para os outros e para toda a humanidade. Beira a santidade a glória da tais profetas, não é? E nenhum deles parece se preocupar com o que deveria: como vamos fazer das escolas brasileiras instituições minimamente eficientes para sua finalidade primeira e primária: formar gente que saiba ler e escrever.
Segundo o próprio MEC, cerca de 20% dos alunos do ensino superior no Brasil são analfabetos funcionais. Professores e universidades buscam meios de melhorar a qualidade do alunado que lhes chega, para que possam, ao menos, acompanhar os cursos. A UFMG, por exemplo, já fala em retomar os ciclos básicos. Outras universidades fazem cursinhos paralelos de interpretação de textos e de matemática básica.
Mas, os donos do futuro, as vanguardas do proletariado e os defensores da tradição e família, preferem disputar a massa falida, alheios à tragédia de gerações sucessivas. como hienas famintas. Pouco importa roubar do país gerações mais bem preparadas, desde que sejam os papagaios que um ou outro deseja.
A escola deveria ser como um centro gastronômica de ideias, onde se oferece de tudo, com qualidade, frescor e honestidade, e não o ninho formador dos robôs de projetos alheios.
Mas o que vemos é desonestidade, como sempre: desonestidade de quem faz o discurso da isenção, e desonestidade de quem faz o discurso da"escola crítica", quando na verdade são incapazes de criticar a si mesmos e rever suas posições anacrônicas e fracassadas, que só produziram violência e pobreza.
A escola deveria ser um instrumento dos e para os alunos, onde eles decidiriam livremente sobre o caminho que, cada um, quer seguir, sabendo exatamente os motivos pelas quais quer seguir, com lucidez e profundidade, com o professor assumindo o papel de quem lhes abre todas as estradas possíveis, e não o saco de gatos onde a desonestidade intelectual impera, o palco de donos da verdade que ditam o caminho.
Há pouca esperança, seja quem "vença" esse debate natimorto, onde os alunos, onde a escola como instituição, definitivamente, são e serão os grandes derrotados.